quinta-feira, 19 de novembro de 2009

De que lado você está?

Marcelo T. M. L. de Oliveira

Quase todo dia vemos na televisão, jornais, internet, etc, pessoas criticando a polícia - homens e mulheres que se arriscam diariamente, em defesa do patrimônio e vida de pessoas que nem se quer conhecem.

Nunca vi alguém dizer ao seu dentista como extrair um dente, ou ao seu médico como tratar uma doença. Porém, vejo frequentemente pessoas, dizer como a polícia deve agir nas ocorrências diárias. É fácil opinar quando se está sentado em uma confortável poltrona, enquanto outros enfrentam tiros no asfalto, lama, poeira, mato ou locais onde nem um fiscal da saúde publica ousa entrar.

Engraçado também ver atitudes que policiais tiveram que tomar em menos de 3 segundos, sendo criticadas por 'sabichões' que possuem todo o tempo do mundo para analisá-las.

Dias atrás, em um ápice da ignorância, uma socióloga disse á UOL que 'o policial é irresponsável e não tem o direito de confrontar com bandidos em locais onde demais pessoas fiquem expostas'. Ora, desde quando a polícia tem o privilégio de escolher um local apropriado para trocar tiros?

Claro que acidentes acontecem. Não podemos nos esquecer que o policial por trás de sua profissão é um ser humano, e errar também faz parte de sua vida. Profissionais que estudam a vida toda, como médicos, engenheiros, também erram! Não que eles não devam responder pelos seus erros, mas crucificá-los por um incidente ou até mesmo generalizar toda uma corporação com base em alguns que não merecem honrar esta profissão é uma grande injustiça.

Mas o legal sempre foi criticar, pois isso dá ibope. Se a polícia não logra êxito na ocorrência, ela é incompetente; e quando faz seu serviço, é violenta.

O policial se adapta a necessidade diária, porém situações novas surgem a todo momento. A falta de treinamento realmente existe, mas quem é o culpado, o policial? Ao meu ver ele é a vítima, pois muitas vezes paga com sua própria vida. O Estado não investe o que deveria em seus homens da lei, e com o salário que mal dá para quitar as contas, é impossível o policial bancar seus próprios cursos táticos operacionais.

Na Inglaterra a polícia tem um dos mais altos salários do país. Nos Estados Unidos, um grupo de elite denominado S.W.A.T, é especializado em invasão de casas. Os 'tiras' só entram quando o local está completamente revistado. No Brasil o policial sobe morro, entra em favela, canavial e pega o bandido 'no dente'. Se compararmos com os outros países, o policial brasileiro é o que mais faz, e menos ganha.

Vamos acabar com essa ridícula, lamentável e absurda inversão de valores. A policia dança de acordo com a musica que marginais tocam. Só há confronto quando existe resistência por parte do bandido. Comparar um policial a um criminoso, é inadmissível.

Tanto que, quando o bandido é morto no confronto, a própria lei prevê uma excludente de ilicitude, o estrito cumprimento do dever legal, isto é, previsão que afasta o fato de matar alguém, como uma conduta criminosa, já que algumas situações não dão outra escolha. É claro, que não deve haver abuso. Porém só aumentam as reclamações de que a polícia está matando muito em confrontos. Então se o policial não pode enfrentar o bandido, o que fazer? Chamar reforço, sendo que ao este chegar também não poderá fazer nada? Não revidar e contar com a sorte de não ser morto? Ou omitir-se e deixar que o marginal fuja, futuramente fazendo novas vítimas e cometendo novos crimes?
Vivemos em um mundo violento e só contamos com a polícia. Mas e os policiais, contam com quem?

Marcelo T. M. L. de Oliveira é Estudante de Direito da Unimep

Fonte : Sistema de Informações do site da ABAMF

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